Babes

COMO ME TORNEI UM CORNO OFICIAL

Apesar de ter sido eu a preparar a armadilha, tive a clara impressão de que eu seria a presa a cair nela. Mas que assim fosse.

Havia já um bom tempo eu desconfiava de Marisa, minha esposa. E algo me levava sempre a crer que, se ela estivesse mesmo tendo um caso, só poderia ser com o vizinho. Algumas vezes, peguei-a, de relance, trocando olhares com ele. OK, o cara é bonitão, eu admito. Mas, será que a Marisa não era feliz comigo?

Então, o plano veio à tona: inventei uma viagem de negócios que me tiraria da cidade por dois dias. Mala feita, chamei o táxi para ir ao aeroporto. Ela se despediu de mim comum beijo e um sorriso (daqueles de quem está planejando algo proibido). Ela parecia ávida pela minha partida.

Mas, obviamente, não fui para o aeroporto. Deixei a mala no escritório, tomei uns tragos da garrafa de uísque que guardo em minha gaveta, juntei coragem e fiquei matando tempo. Eu tinha que dar tempo para toda a coisa acontecer. Se acontecesse. Mas algo me dizia que ia acontecer. Caralho, que merda.
Chamei outro táxi. Em cinco minutos, eu estava rumo de volta à minha casa. Pedi que o taxista me deixasse a uns cinquenta metros e desci.

Fui andando, ora hesitante, ora ansioso. Eu queria e não queria chegar lá. Mas eu precisava.

Cheguei à entrada da nossa casa, mas dei a volta pela lateral. Era melhor entrar pelos fundos, pela garagem.
Entrei.

Me esgueirei pela cozinha, indo em direção à sala. Na mesa de centro, um maço de cigarros. Outra coisa que ela fazia pelas minhas costas: fumar. Do lado do maço, dois copos de vinho e uma garrafa pela metade. Meu coração gelou. Estava claro e óbvio. Tirei o sapato e andei na ponta dos pés até a escada que leva para o segundo andar. Um gosto amargo tomou conta da minha boca e minha respiração estava lenta e pesada. Eu sentia frio e calor ao mesmo tempo.

E aí, meu coração levou outro tranco. Gemidos. Muitos gemidos. O gemido que eu conhecia e mas um outro, masculino. Era isso! Era verdade! Eu estava certo, infelizmente! Senti vontade de sair dali. Depois, senti vontade de pegar a garrafa de vinho lá embaixo e atacar o filho da puta. Fiquei parado. Os gemidos estavam compassados com o barulho da nossa cama. “Piranha”, pensei. Senti minhas pernas tremerem.
Foi aí que um “Cavalga!” foi dito em alto e bom som. Aquilo rasgou meu coração.

Eu precisava ver aquilo. Me atrevi a se aproximar da porta do nosso quarto.
Eu jamais estaria preparado para aquela cena.
Em nossa cama, lá estava Marisa, montada no vizinho, cavalgando o filho da puta.
Ela estava de costas para a porta, logo não me viu.

Meu coração se encheu de ódio. Senti meu sangue esquentar.Pensei em interromper tudo.

“Que delícia de cavalgada!!” – o safado disse.
“Vou te cavalgar até a noite cair, gostoso! Ai, que vontade que eu tava de cavalgar um pau assim!!!” – ela disse e continuou gemendo.

A ficha caiu. Ela adorava aquilo. Adorava cavalgar. E eu sempre a forcei a ficar de quatro, sempre disse que era a minha posição predileta. Rapidamente me lembrei de todas as vezes em que ela tentou me virar de forma que eu me deitasse na cama. Ela queria montar em mim.

Eu era o culpado daquilo tudo. O ódio deu lugar à tristeza. Fiquei ali, quieto, enquanto a minha esposa cavalgava outro homem.

E, de repente, para a minha surpresa, um arrepio correu por minha espinha e notei que meu pau começou a ficar duro. Comecei a reparar nos detalhes. Como ela subia e descia sobre o cara. Incansável, galopava em cima dele. Às vezes se inclinava para frente para beijar o amante, mas logo voltava a quicar em cima dele. Meu pau estava latejando a esse ponto.

“Goza pra mim, goza, gostoso!” – ela disse.
“Maravilha de mulher!!!” – ele respondeu.

E lá estava eu, de pau duro, assistindo à minha mulher em cima de outro homem. Fazendo com outro o que deveria estar fazendo comigo.
Mas eu não deixei. Eu, simplesmente, não deixei.

Em silêncio, saí dali. Desci pelas escadas, confuso e triste. Lá em cima, o berro do cara mostrou bem que ele estava gozando. Marisa o fez gozar. Marisa cavalgou seu amante até que ele gozasse.

Aquele dia mudou a minha vida.

FIM